domingo, 13 de maio de 2012

A idade de todos os sonhos


                      Quem nunca desejou voltar aos tempos de infância? 
Em que tudo era possível, inclusive os sonhos

 

  Quero mais daqueles dias em que o mundo me beijava os cabelos como se fosse sua única amada; quero mais daqueles dias em que a estrada era feita de flores e tinha o poder de voar; quero o tempo em que esvoaçava pelas ruas sem me preocupar se estava penteada ou não. Quero poder encharcar-me na chuva de um belo arco-íris sem as pessoas me acharem louca. Quero muito - tanto que o meu coração se comprime perante tais recordações.

 Sei hoje que as cores que pintava nos meus sonhos são imaginárias, a vida é bastante menos colorida e não tem unicórnios nem fadas - nem sequer dragões cuspidores de fogo. A vida é um grande buraco negro: tem cinzento, tem mau cheiro, ruído, muito egoísmo e inveja. Já não consigo andar de olhos fechados: tenho medo de cair, pois sei que ninguém me irá agarrar; tenho medo de gritar, pois sei que ninguém me irá ouvir; tenho medo de sentir, pois sei que ninguém se importará.

  Por isso quero mais daqueles dias: em que o meu melhor amigo era o mascarado; quero mais iogurtes de morango, gelados de felicidade, chocolates de alma.Quero encher-me de guloseimas sem me preocupar com a opinião do espelho. Quero a inocência de não ver a maldade; a ingenuidade de não me magoar com tretas como o amor. Quero o tempo em que apenas necessitava de mim para ser feliz. Em que o meu grande amor era um simples peluche.

  Nada disso faz sentido, eu sei. E é por isso que me sinto tão infeliz. Virei na saída oposta e perdi-me na atribulação que é esta existência de adulto, esta maresia brava de uma tempestade sem fim. Agora penso em vez de agir, receio em vez de arriscar e caio em vez de me atirar.

  Mas lá no fundo, bem no fundo-  lá bem no horizonte longínquo de um pôr-do-sol, ainda consigo ver luz. E se olhar com mais atenção ainda vejo fadas e unicórnios a sorrir e o dragão a cuspir fogo. Uma réstia de esperança que me faz acreditar que mais daqueles dias virão.

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